terça-feira, setembro 08, 2009

AFINAL ACREDITAMOS EM DEUS?

Um dia dos mais tristes da minha infância, faleceu minha grande amiga e companheira Milu. Milu era uma menina de 13 anos quando eu fui morar nos Serrões, Olivais, com meus avós. Eu tinha apenas 18 meses. Ela era como eu filha única, e dedicou-se a mim de corpo e alma. Quando atingiu os catorze anos, apanhou uma gripe, naqueles tempos ligava-se pouca a importância a estas coisas, e dessa gripe á tuberculose, foi um pulinho. Mesmo sendo assim doente, como uma doença facilmente transmissível, minha avó nunca a privou da minha companhia. Embora sempre atenta á minha saúde, para que nada de mal me acontecesse, e na realidade nada aconteceu, a não ser o facto de por qualquer motivo, eu ser imune á tuberculose. Depois de um grande sofrimento, com melhoras repentinas, e recaídas ainda mais repentinas, a minha amiga Milu, acabou por falecer aos 23 anos de idade. Para mim foi um desgosto enorme, e fiquei revoltada. Na missa do funeral quando ouvi falar em ressurreição, disse á saída para minha avó: Não acredito em Deus, nem nessa história de ressurreição, se isso tudo existisse, a Miluzinha, não teria sofrido tanto, nem teria morrido, e chorei amargamente toda a minha dor, e desilusão, pois eu havia feito tantos pedidos a Deus para que a minha amiga se salvasse. Quando estava mais calma, minha avó levou-me para debaixo do damasqueiro, onde a minha amiga costumava passar a tarde na sua cadeira de repouso, sentou-se na cadeira, e pediu que me sentasse a seu lado. Deitou minha cabeça no seu colo, e afagando-me os cabelos disse-me assim: - DEUS EXISTE? Havia um menino, que como tu ia á missa e á catequese, e que acreditava em Deus Em Jesus e na sua ressurreição. Numa aula de física, o professor pôs tudo isso em causa Dizendo, que era impossível. Deus não existia. Só a ciência era capaz de dar respostas concretas. O menino disse para o professor- Deus não é limitado pela ciência, Ele criou a ciência! Incomodado com o modo como o menino defendia sua fé, o professor propôs uma experiência cientifica. Foi até a casa e trouxe um ovo de galinha. - Eu vou deixar este ovo cair no chão, começou o professor. A gravidade vai fazer com que ele caia no chão e se despedace. Olhando fixamente para o menino continuou: - Agora, eu quero que tu faças uma oração e peças ao teu Deus para que quando eu soltar este ovo ele não caia no chão e se quebre. E se ele conseguir fazer isto, terás provado que Deus existe, e eu terei que admitir isso. Após pensar por um momento sobre o desafio, o menino lentamente começou sua oração. - Querido Pai celeste, eu peço que quando o meu professor soltar este ovo... ele caía no chão e se quebre em uma centena de pedaços! E também, Senhor, eu peço que quando este ovo quebrar, meu professor tenha um ataque cardíaco fulminante e morra. Amém. Após os cochichos da classe, veio um silêncio fúnebre. Por um momento o professor não fez nada. E por fim ele olhou para o menino e depois para o ovo. E, sem dar uma palavra, cuidadosamente colocou o ovo na sua secretária. - A aula acabou, disse o professor enquanto pegava suas coisas, e saiu. Diz-me agora minha filha, achas que o professor acreditava em Deus? Depois de pensar um pouco, respondi: Sim avózinha, ele acreditava, mas não tinha ainda percebido isso. E porque achas que ele percebeu? Porque com toda a sua ciência, ele não se atreveu a desafiar a Deus, temendo morrer. Entendeste então a lição? Não devemos desafiar Deus, ele na sua infinita bondade e sabedoria sabe o que é melhor para nós. Acho que sim, mas não entendo porque se tem de morrer. Minha filha, ninguém morre, Jesus provou isso mesmo, quando no 3º dia ressuscitou. Então avózinha, a Milu vai ressuscitar? Querida, aquela Milu que nós conhecemos, como pessoa, naquele corpo, não. Não? Então não há ressurreição! Aquele corpo, era como todos os nossos corpos, feito de matéria orgânica, e como sabes, a matéria desfaz-se, e acaba por confundir-se com o barro. Mas o sopro divino, que Deus nos deu, esse é eterno, e a Milu, virá sim um dia, mas num outro corpo, sendo outra pessoa, mas a sua alma será sempre a mesma. Entendeste? Não entendi muito bem, respondi eu, minha avó sorriu e disse: - claro que não entendes bem, não tens idade para isso, mas, nunca te esqueças desta história, verás que ao longo da tua vida, irás aceitar a perda, das pessoas que amas, e que deixam de existir fisicamente, mas não acreditarás na morte perpétua. Na verdade, esta história ficou na minha memória, e se hoje a conto aqui, é na esperança de que possa ajudar meus netos, e mais alguém que a leia a aceitar as perdas que a vida nos dá, sem deixar de acreditar em Deus, que na sua infinita misericórdia, nos presenteará se o merecermos com uma outra oportunidade de viver.
Lylybety

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