A Verdadeira viagem de descobrimento não consiste em
procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos.
(Marcel Proust)
Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de comboio, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques...
Quando nascemos, ao embarcarmos nesse comboio, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão connosco a viagem até o fim: nossos pais.
Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seu carinho, protecção, amor e afecto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam esse comboio a passeio.
Quanta coisa interessante pode acontecer numa viagem... Pessoas interessantes, factos interessantes, lugares interessantes. Enfim, sair do seu lugar de conforto enfrentar uma nova cidade, mesmo que não seja tão nova.
Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no comboio há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros se acomodam em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles.
O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar. Esta viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse comboio jamais volta. Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajecto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso.
Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá. O grande mistério é que não sabemos em qual apeadeiro desceremos.
Fico pensando: quando eu descer desse comboio sentirei saudades? Sim. Sentirei..
Deixar meus filhos viajando sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.
Agora, nesse momento, o comboio diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, à medida que o comboio vai diminuindo sua velocidade...
Quem entrará? Quem sairá?
Eu quero pensar no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
Agradeço muito aos amigos fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.
Finalmente, quero te dizer que a viagem de hoje, valeu a pena, por tudo que aconteceu e pelas pessoas que conheci. E, a viagem da vida está cada vez mais interessante!
Por hoje o comboio parou, mas ainda não será neste apeadeiro que vou descer.
Lylybety
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